domingo, 1 de novembro de 2009

Sincero

Poucas vezes presenciei manifestações tão sinceras por parte do público. Numa Europa em que se volta para agradecer três vezes, não importando a qualidade do espetáculo, o ato de aplaudir acaba diminuído e perde o próprio sentido do aplauso – se eu estivesse em cena nesse momento, não saberia se gostaram mesmo ou se estão apenas cumprindo uma obrigação.


Mas ali foi sincero: na nossa frente, o grupo boliviano Teatro de los Andes. A gente ali, em pé, mãos em carne viva tentando demonstrar-lhes o quanto foi importante a obra que acabamos de presenciar. Já são cinco as vezes que voltaram para agradecer. Um som grave começa a ser escutado na sala. Nos damos conta que, por necessidade de demonstrar realmente o quanto foi importante esse momento, somente palmas não são suficientes. É preciso acrescentar os pés. É a multidão bate pés. E o resultado se vê no rosto (e no riso) de cada ator. E de cada “público”.


Único. E sincero.


(Tentei, aqui, escrever um pouco do que foi esse espetáculo. Boa leitura para quem for).

Um comentário:

bertha díaz disse...

eso me hace pensar en lo que provoca el teatro. en la agitación. en la necesidad no solo de agradecer, sino de mover el cuerpo para hacerlo. de manifestar el ritmo que nos han inyectado.
besos, Ulises.

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