sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

M in M


(hoje, três anos depois de ter escrito esse texto, enquanto preparo novas viagens, novos portos, novos desafios, novos vistos, me deparo com o novo projeto de um dos meus grupos do coração, o Teatro Sarcáustico. Demorei a publicar esse texto, escrito em uma manhã fria de dezembro em que eu transitava entre um teste em Madrid e um final de ano em Paris, sonhando com minha Porto Alegre enquanto comia una media com tomate rallado em um barzinho de esquina, pensando justamente nos meus companheiros que tinha deixado temporariamente).

Primeiro contato, tateio o escuro, respiro o ar gelado, percorro ruas que em uma primeira mirada me soam raras, grandes abstratas, impessoais... é difícil imaginar, quando se chega em uma cidade pela primeira vez, o modo como iremos nos apropriar dela, como ela irá fazer parte de nós, de nossa vida... e vai...? Caminhar por entre ruas pequenas, conhecer becos escondidos, imergir nos seus segredos, ser tragado, absorvido, sem dar-se conta do momento de transição, onde o viajante solitário com sua mochila se transforma no feliz habitante, no cidadão modelo, no profissional bem sucedido, no espelho onde todos querem mirar-se. Mas tudo são conjunturas, são suposições perdidas e até descabidas, uma vez que a vontade de fazer com que tudo isso seja seu não pertence exatamente a esse lugar... talvez a dificuldade seja a de descobrir a que lugar ela pertence... estando a pouco mais de oito horas do novo porto, daquela outra cidade a qual julgamos conhecer tão bem (o que sabemos não ser verdade), aquela outra, a qual nos dirigimos com a alegria de quem volta para casa, mesmo sabendo que viver assim significa, mesmo por um curto espaço de tempo, viver sem casa, pulando de galho em galho, mudando constantemente, cambiando por dentro por fora, convivendo com o engorda-emagrece associado tantas vezes com o estar-feliz/ estar-triste que estas cidades te trazem, ou que a tua cidade, aquela que te espera (que te espera?!) te envia... e sabendo que a outra, aquela do destino, não te conhece tanto assim, mas tu aceita quand même. Avançar. Voltar. Afinal, quando é mesmo que um passo à frente significa um retorno, e quando é que o retorno é que significa um passo à frente? Hã?

Madrid, dezembro de 2009

Dedicado a todos meus companheiros, mes compagnons, mis compañeros de jornada, os quais posso ver agora, enquanto fecho meus olhos.

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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Poeminha Braimstorm

Peguei uma idéia,
Deturpei o sentido.
Escutei ao contrário,
Entendi ao avesso.
Olhei nos teus olhos
Verdes,
Vi no meu passado,
Um presente.
Respirei contigo,
Alterou meu pulso.
Me perguntei sobre o futuro.
Li teus escritos,
Sorri teus sorrisos,
Cresci teu cabelo,
Furei teu umbigo.
Respondi tua mensagem,
Chorei escondido.
Chorei abertamente.
Fingi. E fui honesto às vezes.
Corri, querendo ficar.
(e fiquei querendo sair, mas seria muito clichê fazer esse jogo de palavras)

avras.

Fui previsível, incrível, sofrível, surpreendente, chato.
Bobo, inclusive.
Te dei minha roupa – nosso cheiro.
Primeiro guardei teus recados,
(aquele, em pedaços, fui perdendo palavra por palavra.)
Mas lembro de todos.
Apesar de isso ser impossível, minto.
É mais bonitinho.

http://pinterest.com/leilaeme/photography/

Tenho tantos defeitos quanto você, virtudes.
Mas meu sorriso permanece
Dois tracinhos e um parêntese
Escritos em papel timbrado
Selado e postado às pressas... acontece...

Como são efêmeras as cartas, os beijos e as frases!
Mas as imagens ficam, ardentes.
Então o efêmero dura.
Os beijos pendentes
E as palavras ditas, não ditas, idealizadas e esperadas
Não vão embora.
A cabeça gira, latente.

Perdoe-me,
Se eu fosse corajoso, não seria eu.
E se não fosse, também não seria.
Não quero impressionar, prefiro que me conheças assim,
Com defeitos e cicatrizes, inteiro.
Para mim, não é problema.
Não sei quem és, mas no fundo, quem se sabe?

Se você existisse, eu te escreveria um poema.

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