sábado, 23 de abril de 2011

Sobre cartas y vuelos...

Em pleno processo de descoberta de Antoine de Saint-Exupéry, o aviador-escritor que foi um dos pioneiros do Correio aéreo mundial, co-fundador do primeiro aeroporto internacional do sul do Brasil, fomos incentivados por nossa pequena grande diretora a escrever um pouco sobre cartas e correios. Segue aí, depois da cartinha par avion.

Talvez, em pleno ano de 2011, o ato de escrever uma carta seja algo nostálgico, especial como é próprio do ato de parar para pensar de verdade em alguém a ponto de tentar colocar algo que é seu em um papel que viajará grandes (ou pequenas) distâncias para chegar até esta pessoa. A escrita é algo artesanal, um ato de amor, quiçá, de alguém que se dedica a um papel que será tocado pelas mãos do destinatário. Existem histórias de pessoas que antigamente colocavam seu perfume no papel. Outras beijavam o papel e deixavam suas marcas de batom nele. O destinatário receberia aquelas palavras e poderia sentir o beijo que foi enviado. Ele tem em suas mãos um beijo. Não é uma imagem bonita? Sabe aquela sensação de ver a Xuxa sentada em um monte de cartas jogando-as para cima e pegando uma delas – apenas uma, para desespero das outras? Imagina a felicidade de uma criança que tinha feito aquela carta com muito carinho e que agora vê sua “ídola” tocá-la? Engraçado que eu nunca escrevi para a Xuxa, sempre me pareceu uma coisa meio boba, mas ficava imaginando a felicidade de ter sua carta tocada por ela, mesmo que não tenha sido sorteada. Só tocada pela sua ídola. Não é o máximo que algo seu, que passou pela sua mão, que tem seu cheiro, seja tocado por alguém que você admira? Não é à toa que guardamos ainda hoje, na época da informação rápida e direta, a nostalgia e o romantismo da idéia de uma carta de amor. Afinal, escrever uma carta é, sob certo ponto de vista, um ato de amor. Com minha primeira namorada, tínhamos uma prática de escrever-nos cartas, mas com um diferencial: nunca passávamos a limpo. A idéia era deixar fluir para o papel coisas que estivessem na nossa cabeça no instante em que estávamos escrevendo, sem nos preocuparmos com erros gráficos, com letras imperfeitas ou algo do gênero. Assim estaríamos conectados de verdade – quem recebesse a carta – com aquele momento em que o outro escreveu. Não é uma imagem bonita? E como nada é em vão e tudo deixa marcas – principalmente as “primeiras namoradas”, ainda hoje levo comigo o ato de escrever em fluxo, sem parar muito para pensar, organizar ou medir palavras simplesmente porque este é o fluxo do meu pensamento no momento da escrita. Claro, com exceção de artigos, dissertações e cartas oficiais e técnicas ao governo de algum Estado – estas sim muito bem pensadas. Mas blog, cartas e bilhetinhos escondidos do professor no meio da aula não. Me pergunto hoje se ela sabe dessa importância toda – tudo o que veio do fato de um dia ter existido uma namorada que não passava a limpo. Não é uma imagem bonita?


Baobás, em breve.

3 comentários:

kontratiempo disse...

Me encanta eso de que nunca se sabe la huella que cada pequeño acto puede dejar, hasta donde pueden llegar sus consecuencias.
¡Cartas! Pues sí que es una pena que se estén perdiendo! Me has hehco pensar , así que hoy me voy a dedicar a escribir cartas.
¿Sabes que mi abuelo, mi madre y mi padre eran (o son) carteros?

Unknown disse...

Ai que Lindo!

Que era essa pessoa?Hehehe!

E não só no ato de escrever,
mas um ótimo início de aprender a dizer o que se sente de verdade, com a intensidade que isso tem e vem à mente...

Maico Silveira disse...

Qué lindo, Amandita, no sabía que venías de una família "cartera"! Qué guay!

Malvi, é tão bom ver que esta pessoa continua entendendo estes meus sentimentos espontâneos. :)

amo-vos.

ms.

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