Vamos falar de filmes.
O título de um filme é uma das primeiras informações que nos chega e é um dos fatores dominantes para que a gente se interesse em vê-lo ou não. É uma pena que muitas vezes os títulos traduzidos são simplesmente horríveis em comparação com o filme. Às vezes não tem nada a ver com a proposta, e às vezes até contradiz o que a própria idéia do filme está dizendo. Exemplos, foi!
The hangover – Esta palavra é alguma coisa como ressaca (tá, meu inglês não é dos melhores). Na França, saiu com o nome de Very bad trip, uma boa adaptação, já que bad trip faz o jogo de palavras entre a alucinação causada por drogas e a viagem que os caras fazem até Las Vegas para uma despedida de solteiro. Agora, por que os franceses traduzem um nome do inglês para o próprio inglês? Não sei. No Brasil foi muito pior: o filme tem o abominável título de Se beber não case. Quer saber? O filme é muito bom. Engraçado, divertido, inteligente. Os infelizes tradutores-de-títulos conseguiram acabar com a vontade de qualquer um em vê-lo.
The boat that rocked – Este filme é duca. No Brasil, O Barco do Rock. Ponto para nós. Em francês, Good Morning England. Viu? Traduzem do inglês para o inglês. O nome não é ruim, simplesmente não é assim que ele se chama.
The hurt locker – O grande vencedor do Oscar. Este, quando saiu, me custou saber que filme era. Demorei umas boas páginas de pesquisa na net para saber os correspondentes em cada língua. Não sei o que seria a tradução exata, mas o título remete à ferida, à dor. Não é En Tierra Hostil, como saiu na Espanha, nem Guerra ao Terror, como saiu no Brasil, e muito menos Démineurs (desativadores de minas), título francês.
Up in the air – Este é uma abominação. Atenção: este filme não é, repito, NÃO é uma busca do amor perdido voando de um lado para outro, como nos diz seu maravilhoso título em português: Amor sem escalas. Vou repetir, hein: O cara do filme NÃO busca um amor. Ao contrário, ele nega tudo o que for relacionado à apego e sentimentalismo. Amor sem escalas é um título horroroso que nega a essência do filme. Não acreditem nele!!! Ahhhhhhh!!! (chutando a parede).
The blind side – Não. Não se chama Um sonho possível. Próximo.
The lovely bones – Não. Não se chama Um olhar do paraíso. Próximo.
A Single Man – (Maico respira fundo): Gente. (pausa). Quem colocou este título... (pesando as palavras) deve ter sido o mesmo... hã... equivocado... que traduziu o “amor sem escalas” aí
A Serious Man – Em português, Um homem sério. Ponto para nós. Agora, vamos assumir, gente... existe dois filmes que são diferentes: um se chama A serious Man (um homem sério) e outro se chama A Single Man (um homem solteiro). Para quê mudar o nome para uma aberração?! Assume que os nomes são parecidos e deu.
A situação é tão horrível que quando você vê um nome que está bem traduzido, e já é meio brega no original, você não acredita que se chama assim de verdade. Foi o que aconteceu comigo com Crazy Heart, bem traduzido para Coração Louco.
Títulos explicativos agora:
Desde o Closer – Perto demais eu questiono a utilidade dessa ferramenta. Tá, desde um pouco antes, mas agora nem lembro. Esse foi a gota d’água, uma das mais comentadas na época. Ou chamem de Closer, ou chamem de Perto demais, ok?
Up – A animação da Pixar virou Up – Altas Aventuras. Comento?!
Milk – Este virou Milk – A voz da igualdade. Pra quê?
Precious – Este ficou tão brega... Em português, Preciosa – Uma história de esperança.
La môme – O nome do original é explicado em um trecho do filme: “Você me lembra um pássaro. Um pardal. A jovem pardal” (“Vous pensez à un moineau. Un Piaf. La môme Piaf”). Em português, o magnífico título: Piaf - um hino ao amor.
A coisa é triste. Eu já acho que vou começar a fazer minhas próprias versões de alguns títulos para me divertir, já que pode ser qualquer coisa mesmo... Já tenho alguns:
Uma aventura romântica em Barcelona (Vicky, Cristina, Barcelona)
África: um sonho de igualdade (Invictus)
Titanic – Amor em alto mar (Titanic)
Tem gente que diz que o nome muda para que se venda melhor o filme. A pergunta é: você acha que Bastardos Inglórios é um nome comercial? A resposta: não. Então, se deixaram este nome passar com uma tradução fiel, para que mudar o resto?!
6 comentários:
Concordo contigo em muitos dos casos, mas, em compensação, os brasileros acertaram na tradução de "Home Alone" ("Esqueceram de Mim"), já que na continuação do filme ("HOME Alone 2"), o Macaulay Culkin não ficou nem perto da sua casa...
Hahahahaha!
Ponto pra ti por esse post! (ainda bem que a tua situação parece melhorar no meu conceito, pq o anterior, aquele trocadilho BAGACEIRO sobre paty e bruno, tava foda, hein?!)
Bitokas da pessoa que está resistindo em assumir, mas stá louca pra entrar na cadeira de Maico 1!
Trocadilho bagaceiro...? Mas foi tão objetivo de minha parte...
(e, por si só, trocadilho e bagaceiro juntos numa expressão já é uma redundância)
e vai te preparando, porque Maico I vai começar a ser crédito obrigatório, hein?
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Dani, tens razão sobre "Home Alone", é um dos nossos bons exemplos de adaptação. No meu ponto de vista, no caso da continuação do filme, o problema está em quem o fez e não em quem o traduziu. Afinal de contas uma tradução deve dar conta de passar adiante a idéia original, e não inventar suas próprias idéias, ainda que sejam um tiro certo, como "Esqueceram de mim".
Se o guri não ficou em casa no segundo filme, é responsabilidade de quem o fez (que pode tranquilamente afirmar que ele estava sozinho em "uma" casa).
A título de curiosidade, "Home Alone" é:
"Esqueceram de Mim" - Brasil
"Mamãe, perdi o avião" (Mama, j'ai raté l'avion) - França http://www.youtube.com/watch?v=34yVoTqh-k4
"Mi pobre angelito" - Hispanoamérica http://www.youtube.com/watch?v=UbYeVHjxKrw
"Solo en casa" - Espanha http://www.youtube.com/watch?v=VfBCYaGu7Ts
"Sozinho em Casa" - Portugal http://www.imdb.pt/title/tt0104431/
Quantos pontos de vista somente a partir do título, não?
Gente! É incrível!!!!
A tradução é algo beeem complicado. Algumas vezes, são pra vender melhor o filme, como em Se Beber Não Case... Outras são literais, e a tradução literal nem sempre funciona, pelas diferenças de sentido nas expressões de cada língua.E umas são simplesmente idiotas.
Ri muito neste post...
Mas nada, nada supera, até hoje, Vertigo, do Hitchcock. No Brasil, um rasoável Um Corpo Que Cai. Em Portugal, o excepcionalmente engraçado, que entrega o filme:
A MULHER QUE VIVEU DUAS VEZES.
Só poderia ser superado se chamassem O Sexto Sentido de O Médico Está Morto.
Ai, ai...
Hilário!
Abraço!
Ah! Razoável foi mal digitado. Esqueçam este S de merda!
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