quarta-feira, 24 de dezembro de 2008
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
domingo, 14 de dezembro de 2008
Um lugar chamado Seissesbier
E se ela não falasse português?
E se ele não falasse alemão?
Será que seria possível...?
This summer...
Um vídeo intercultural, uma hiper produção germano-brasileira que vai agitar suas tardes!
Ps: Se não deu para ver o vídeo, clique aqui.
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
A princesa quer casar
Em uma narrativa lacunar, a atriz argentina Guadalupe Casal resgata o folclore nordestino para levar à cena as carências humanas, traçando um paralelo entre o sertão do Brasil e suas origens pessoais. O imaginário e o real encontram-se num processo explícito de desconstrução e desvelo.
Com orientação de Gisela Habeyche, o trabalho faz parte da Mostra de Teatro DAD 2008/2 e marca a graduação da atriz que já foi matéria de capa deste blog.
Então, quem estiver por Porto esta semana, não perca o casamento mais aguardado do ano. É de hoje (lembrando que hoje é segunda, dia 08 do doze) até sábado, dia 13, às 20h na Alziro.
Se você não sabe onde é a Alziro, é uma ótima desculpa para clicar no link da Mostra aí em cima e descobrir também os outros trabalhos que estão em cartaz. Se você é um aluno do DAD do tipo que acha que já sabe tudo da vida, não precisa ir, já que não é seu hábito.
A entrada é nada e a oportunidade é única.
domingo, 7 de dezembro de 2008
Um papo de domingo
Conversando com o Pablo no Messenger, na tarde de Domingo, antes de sabermos quem seria o campeão. Eu gremista, ele colorado. Começo dizendo que vou acompanhar tudo pela Internet.
Maico Silveira: Vou na tv Grêmio e na tv goiás, hehehe.. uma janelinha em cada um. E dá-lhe Rádio Gaúcha, porque bairrismo é bom e eu gosto!!
Maico Silveira: (do nosso, lógico)
Pablo Berned: huahuahua! esses dias eu tava hospedando um amigo paulista aqui em casa (palmeirense) e fomos ver Grêmio e palmeiras. Eu, ele, a Taíse e o Miguel. Começamos a ver a narração do Cléber machado.
Pablo Berned: Não rolou.
Pablo Berned: Ligamos a gaúcha no rádio
Pablo Berned: huahuahuahua
Pablo Berned: ele ficou revoltadíssimo!
Maico Silveira: huahahauahauhauhuha!!!
Pablo Berned: A Guaíba é mais ponderada.
Maico Silveira: Pelo menos a gente admite que somos bairristas na Gaúcha. O pior é a Globo que jura que é imparcial.
Pablo Berned: heheheheh
Pablo Berned: to lendo sobre isso
Maico Silveira: é?
Pablo Berned: talvez tu fosse curtir
Maico Silveira: onde?
Pablo Berned: "Mitologias", de Roland Barthes.
(falamos sobre discursos mitológicos atuais)
Maico Silveira: Times são engraçados:
Maico Silveira: "Grêmio: nada pode ser maior."
Maico Silveira: "inter: nada pode ser maior."
Maico Silveira: tudo se copia, tsc tsc tsc...
Pablo Berned: hehehehe
Pablo Berned: mas é verdade: o que pode ser maior que TUDO?
Maico Silveira: Tudo e mais um pouco.
Pablo Berned: hehehehe
Maico Silveira: ou a constância
Maico Silveira: ela pode ser maior.
Pablo Berned: O inter nunca será campeão em tudo. Não tem a segundona, grande título da história do co-irmão.
Pablo Berned: Nem vai ter.
Maico Silveira: Imagina um ano em que um time ganhe tudo...! Tipo, em três anos ele vence os estaduais, o nacional, os internacionais... Tudo em um período de dois anos, no máximo... Tipo o sp em 92.
Pablo Berned: Sim, entendo
Maico Silveira: O inter tem todos os títulos que já disputou em toda a história. Mas alguns títulos são de longa data. Como o Grêmio e seu mundial.
Pablo Berned: Mas aí é uma grandeza vertical
Pablo Berned: O inter tem uma grandeza horizontal
Pablo Berned: no eixo temporal.
Maico Silveira: Sim! É disso que falo.
Pablo Berned: Compreendo.
Maico Silveira: Os tempos mudam. Hoje, ser campeão invicto, por exemplo, é praticamente impossível, como em 79. Assim como o Pelé não teria joelhos hoje em dia...
Pablo Berned: Sim.
Maico Silveira: hehehe...
Pablo Berned: huahuahua
Pablo Berned: mas tu vê: Isso se dá em função do processo de profissionalismo no futebol.
Maico Silveira: hum...
Pablo Berned: O Pelé foi um grande jogador pq era franzino
Maico Silveira: hum...
Pablo Berned: os Ronaldinhos tb.
Pablo Berned: olha o monstro que eles se transformaram ao ir pra europa
Pablo Berned: kkkkkkkkkkkk
Maico Silveira: Sim, !!
Maico Silveira: o mercado acaba com a espontaneidade. E pode até fazer um time perder uma classificação da Copa... (Br x Fr em 2006...)
Pablo Berned: Sim.
Pablo Berned: houve uma denúncia de manipulação de resultados para hoje, no jogo do S. paulo.
Maico Silveira: Quem denunciou?
Pablo Berned: o MP.
Maico Silveira: Em favor do sp ou do Gr?
Pablo Berned: não divulgaram.
Maico Silveira: Como que denunciaram sem divulgar os dados?
Pablo Berned: o árbitro supostamente iria receber uma grana e ingressos pro show da Madonna.
Maico Silveira: hauhauhauhahauhauhahuhauah!!!!!
Pablo Berned: não divulgaram qual a intenção da compra
Pablo Berned: mas o árbitro pode não ter culpa
Pablo Berned: usaram o nome dele
Maico Silveira: "Toma uns ingressos pro show e cinco pila pra comprar um refri"
Pablo Berned: pra fazer o campeonato cair em descrédito
Pablo Berned: hehehehe
Pablo Berned: parece que a armação partiu da FPF.
Maico Silveira: Eu coloco tudo em dúvida! Inclusive a idoneidade do campeonato.
Pablo Berned: O Odone tb.
Maico Silveira: Depois de Inter x Corinthians...
Pablo Berned: Sim, se imagina q está acontecendo a mesma coisa.
Maico Silveira: Sp que vem subindo, subindo, até atingir a liderança em um mês....
Pablo Berned: no decorrer do campeonato o Grêmio foi muito prejudicado no STJD
Maico Silveira: Sim!
Pablo Berned: e no jogo contra o vitória, há duas rodadas atrás (vit 4 x 2 Gr), o zagueiro do Grêmio denunciou o árbitro que teria dito: “segura lá atrás que hoje vcs vão levar um saco”.
Maico Silveira: Caralh...!
Pablo Berned: e explusou um outro zaqueiro em situação duvidosa
Maico Silveira: é o que sempre digo: "zagueiros deveriam sempre portar um mini-gravador!"
Pablo Berned: por isso que, apesar da rivalidade, hoje sou Grêmio.
Maico Silveira: Meu pai disse que hoje ele torce para o Goiás.
Maico Silveira: hehehe...
Pablo Berned: hehehe...
Pablo Berned: Na verdade, o melhor resultado seria o S. paulo perder de chocolate e o Grêmio empatar com direito a gol mal anulado. Aí o campeonato iria pegar fogo.
Pablo Berned: huahuahuahau
Maico Silveira: auhahuauha... Tu é malvado, hein????
Pablo Berned: hehehehehe
Pablo Berned: e torcer pra vasco e figueira não caírem.
Maico Silveira: Conversei com um amigo gremista fanático lá de Porto. Ele tava me dizendo que os colorados estavam enchendo o saco por causa de "todos os títulos". Eu disse que agora é a gente fazer a nossa parte, e mostrar para a belíssima imprensa do centro quem mandou no futebol em 2008...
Pablo Berned: o RS, lógico
Pablo Berned: huahuahua
Maico Silveira: "Ah, eu sou gaúcho!!!"
Maico Silveira: huahauhauhauahua
Pablo Berned: hehehehe
Pablo Berned: e o inter não tem a segundona
Maico Silveira: ainda
Pablo Berned: que o Grêmio tem até DVD da final.
Maico Silveira: Calma que vocês chegam lá.
Pablo Berned: Não, obrigado.
Maico Silveira: “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra.”
Pablo Berned: são quase 40 anos de campeonato brasileiro.
Pablo Berned: quem diria o Roth, hein?
Maico Silveira: Quem quer mesmo ter todos os títulos desse até o inferno para buscar o que falta...
Pablo Berned: Não precisa
Pablo Berned: Só a nata tá bom, hehehe...
Maico Silveira: A diferença é que o Grêmio optou por buscar o da segundona antes da Sul Americana.
Maico Silveira: uahauhahu
Pablo Berned: "optou".
Maico Silveira: Claro.
Maico Silveira: Tudo é pensado, meu!
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Durante o jogo, na tela do meu computador:
Em sentido horário: São Paulo marca a saída de bola do Goiás; Pablo comenta comigo todos os lances de todos os jogos que estamos acompanhando; Falta no jogador do Grêmio; Desenhinho em movimento marcando o som da Rádio Gaúcha; e os vídeos recentes vistos no wmp (football freestyle e Trailler de O Gritador).
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Tamu na luta. No clube.
Tyler Durden, abertura do dvd.
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
A primeira neve a gente nunca esquece
Lá fora, uma noite fria do cão. Aqui dentro, um calorzinho bom. Deito. Olho o relógio: 1h30min já. Amanhã levanto cedo: apesar de ser um domingo, será um dia de feijão, viva! Pretendo passar uma bela manhã na cozinha...
A cabeça pesa, os pensamentos começam a embaralhar... imagens do dia que passou, sons diversos... tudo se mistura... Aos poucos, o som da porta sendo batida vai ganhando espaço. E mais porta. E mais. Aquele momento crucial em que o corpo já está pronto para se deixar abandonar no abismo noturno do desconhecid... putz, que merda. Chega de poesia barata. Alguém está batendo na porta e tenho que abrir, humpf.
Abro. Rebbeka, toda encolhida e com um sorriso amarelo: “Te acordei...?”
Pausa. Vou falar quem é a Rebbeka.
É uma brasiliense nascida no Rio e que veio de Minas. É... não é uma pessoa muito normal... eu não canso de falar isso para ela. Bom, na verdade eu canso, aí a gente quase briga, aí, cada um vai prum canto, mas no outro dia temos aulas juntos e tudo fica bem. Bom, o importante é que ela é de Brasília e essa informação já é suficiente para imaginar que basta abrir a porta da geladeira para que ela fique com frio. Inclusive não divulguem este link para ela para que ela não brigue comigo quando vir o que escrevi.
Volto.
Abro. Rebbeka, toda encolhida e com um sorriso amarelo: “Te acordei...?”
Olho para ela com a minha melhor cara de Daniel Colin no café da manhã. Ela prontamente acrescenta: “Tá nevando”.
Pisco três vezes. Levo dois segundos e meio para processar a informação. Tinha nevado na outra semana, domingo passado, apenas por cinco minutos, mas era tão nada que sequer tiramos fotos porque não ia aparecer.
“Vai lá, olha pela janela”.
Quase acordado vou pegando o sobretudo e tentando calçar o chinelo. “Janela nada, vamos é pra rua!”
No corredor temos uma porta envidraçada que dá para um pequeno terraço. Ficamos ali, do lado de dentro, olhando o cenário. As mesas e cadeiras ficando brancas, o chão, tudo... Os dois brasileiros, que moravam num país tropical abençoado por Deus e la la la..., grudados num vidro durante uns cinco minutos, olhando o mundo branco que chegava pelo céu. Nevava aos cântaros... Abro a porta. Pulo para a rua.
Realmente estar debaixo da neve é uma sensação incrível. Tudo fica meio que amortecido, a gente pisa no chão fofinho e vê aqueles floquinhos de gelo pairando sobre nós e se segurando docemente nas nossas roupas. Claro, apesar de toda a beleza, os floquinhos continuam sendo de gelo e isso torna o clima um pouquinho difícil... mas esquecendo o fato de que estava de chinelos, sem luvas, e tinha acabado de sair da cama, tudo bem...
Pouco depois chegam a Lisa, o Lucas (alemães), a Valentina (italiana) e o Otávio (brasileiro). Fizemos bolinhas de neve para ver quem lançava mais longe, tiramos fotos e sacaneamos alguns colegas de casa que estavam no andar de baixo chegando de uma festa (é... jogamos gelo neles, ups...).
Depois fomos para a cozinha comer, lógico. A Lisa inventou na hora uma receita alemã de chocolate quente com chantili e fomos dormir bem gordos e quentes.
A propósito: quer ouvir algo interessante sobre temperaturas e culturas? Clica aí: akfjri,dc dasls, kfjd c,d fasjf.cd .
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
Teatro Sarcáustico: Cinco anos, cinco espetáculos!
IntenCIDADE 1ª: Voar, com direção de Daniel Colin a partir do texto Quando amanhecer teu sorriso será mais bonito, de Felipe Vieira de Galisteo.
O espetáculo é apresentado no terraço da Usina do Gasômetro durante o pôr do sol e fala sobre as cores, os sons, os discursos, os vícios, as pessoas e as relações de Porto Alegre. Com o super-elenco Guadalupe Casal, Ricardo Zigomático, Rossendo Rodrigues, Aline Grisa, Tatiana Mielczarski, Rodrigo Marquez, Paola Optiz, Vânia Taris, Fernanda Petit e Ariane Guerra. Se estavas procurando algum espetáculo diferente, criativo e ousado, parabéns, acabaste de encontrar.
Há vagas para moças de fino trato, com direção de Daniel Colin a partir da obra de Alcione Araújo. Com Ariane Guerra, Guadalupe Casal e Maíra Prates. Empolgante e surpreendente, com grandes atuações, já percorreu algumas cidades do Estado, sempre sendo muito bem aclamado pelo público. Uma tentativa de linguagem realista, que de tão realista culmina com bergamotas voadoras invadindo a cena. Realmente imperdível.
Jogo da Memória, o segundo espetáculo infantil do grupo (que em 2005 fez O (mudo) passeio do Dr. Quejando, que era lindo). Em cena, Ariane Guerra, Ricardo Zigomático, Felipe Vieira de Galisteo, Rossendo Rodrigues e Daniel Colin, com direção deste último.
Foto: Patrícia Dyonísio
Recados finais:
Coisa um: O Fumproarte premiou também outras pessoas, lógico... Mas como eu sou Sarcáustico de carteirinha, falo só de nós (ô, egocentrismo...)! Bom, de qualquer forma, se você quiser conferir os projetos premiados, clique aqui. Perceberás que teremos muitas coisas boas no próximo ano.
Coisa dois: Não, não é só o Daniel que dirige as peças do Sarcáustico (o que pode parecer uma afirmação estranha, olhando aí pra cima). O Felipe também o faz. E as últimas oportunidades para conferir estão lá na Usina do Gasômetro, com o espetáculo A Vida sexual dos macacos (só até o próximo findi). Mas Daniel Colin está em cena, não se preocupem. Atenção, não o confundam com o Rossendo, já que eles são muito parecidos.
E era isso.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
O que está acontecendo com a cultura gaúcha?
Bom, começo oficialmente a escrever no blog. Queria expressar meus sentimentos neste dia tão especial, dizendo que esperava muito que quando colocasse minha primeira postagem fosse para falar de coisas legais, para dar notícia aos meus amigos dessa minha nova vida longe de casa, para enumerar diversas diferenças sócio-culturais franco-brasileiras... Mas como “eu sou do sul e é só olhar pra ver que eu sou do sul”, não posso deixar de comentar sobre o que vem acontecendo no processo de sucateamento da nossa cultura. Processo que vivi de perto mas que agora sou obrigado a ser um mero espectador internético. Posso voltar um pouquinho no tempo, só pra começar o assunto?
Ponto 1:
Início de 2007. A atual governadora do Estado toma posse e pouco tempo depois temos o anúncio: fechariam a Secretaria Estadual da Cultura. Fechariam, não, fariam a junção desta secretaria com a da Educação. Após inúmeros e insistentes manifestações das duas áreas, com direito a um abaixo-assinado organizado pelos estudantes de Artes da UFRGS e entregue junto com representantes do Sated e do cinema estadual, a situação foi revertida e o governo optou por manter as duas secretarias separadas. Poderia ser uma boa notícia se não fosse a nomeação de uma pessoa que não entende nada de cultura para o cargo de secretária. O que podemos presenciar nestes quase dois anos de Mônica Leal foi um show de horror em nível de administração, projetos e declarações. Inclusive tive o desprazer de presenciar o pronunciamento de um discurso seu durante o evento de comemoração dos quarenta anos do Teatro de Arena. A cada frase equívoca sua eu me encolhia no banco do teatro com vergonha de ter essa pessoa na secretaria estadual responsável pela minha área.
Ponto 2:
Da série “... e vá pro olho da rua!” – parte 1.
Agosto/ Setembro de 2007: O grupo Depósito de Teatro se organiza para sair de sua antiga sede, na rua Benjamim Constant para a nova, na rua Câncio Gomes. Com um maravilhoso projeto de ocupação e revitalização cultural de uma área conturbada, de prostituição e tráfico, o grupo se viu enredado pelos seus problemas internos e administrativos, agravados pela total impassibilidade da administração municipal porto-alegrense. O processo culmina no meio de 2008, quando o grupo é obrigado a fechar suas portas e abandonar sua sede. Ora, se em dez anos ininterruptos de trabalho, o grupo conseguiu manter seu espaço, trabalhar com qualidade pelo nosso teatro e ainda pagar o seu aluguel, o que terá acontecido para que agora tenham que abandonar seu espaço físico, sem que nossa prefeitura fique pelo menos ruborizada de ver isso acontecer debaixo do seu nariz? Não é preciso lembrar a importância de “Roberto Oliveira e sua trupe” (como li um dia desses em algum lugar) no desenvolvimento do teatro gaúcho e na formação de novos artistas – direta e indiretamente (meu caso) – ao longo de sua trajetória. Se nem o Depósito merece uma atenção especial do nosso recém-reeleito amigo e compositor “e sua trupe”, quem de nós, reles mortais, jovens artistas, integrantes de novos grupos, o merecerá?
Ponto 3:
Da série “... e vá pro olho da rua!” – Parte 2.
Recebo emails, abaixo-assinados. Leio a notícia. Ainda estou abismado. O Circo Girassol deixará seu espaço na rua Dr. João Inácio (bairro Navegantes), local que ocupa desde 2002 através de uma ação de despejo movida pela SMIC. Não dá pra acreditar que após o fiasco do episódio do Depósito de Teatro, a prefeitura repetirá seu erro, desta vez com outro importante grupo da cidade, e, mais grave ainda, como agente causador do mal, não somente como mero espectador. O pior é que o discurso da administração vem repleto de histórias incongruentes e enumera medidas populistas para ganhar a simpatia de quem não conhece a história. O assessor de imprensa da SMIC, Ocimar Pereira, diz, em entrevista a Renato Mendonça, que o Circo estava sem contrato desde 2005. Ora, como pode alguém ocupar um espaço durante três anos e meio sem contrato, sem que nada seja feito para solucionar o problema neste meio tempo? É preciso esperar até fins de 2008 para de repente tomar a decisão do despejo? Além disso, ele prossegue que “com a retomada do local, centenas de pessoas terão acesso aos cursos de capacitação profissional da prefeitura” (e o jornalista ressalta que “o pavilhão seria utilizado na ampliação da Escola de Confecção e Moda do SENAI”). Maico Silveira, ainda abismado, pergunta: E as pessoas da comunidade que acolheram o Circo em 2002? E as pessoas que exigiram o retorno para o mesmo local em 2004, quando foram despejados pela primeira vez? O trabalho social do grupo frente àquela comunidade, como fica? Como ficam as crianças que faziam as oficinas? Quem são essas “centenas de pessoas” que vão ter acesso aos cursos da prefeitura? Por que a prefeitura não pode encarar o trabalho circense como “capacitação profissional” também? Histórias enganosas de uma administração que não está nem um pouco preocupada com seus artistas e com o desenvolvimento cultural do seu povo.
Leia o manifesto do Circo, clicando aqui. Você terá a opção de participar do abaixo-assinado.
Ponto 4:
Da série “... e vá pro olho da rua!” – Parte 3.
Segurem o Hospital São Pedro. Era o próximo da lista, mas o Depósito e o Circo foram despejados antes. Os grupos que ocupam o espaço lutam bravamente para se manterem no local, mas a administração estadual voltará a agir a qualquer momento.
Ponto 5:
Da série “E nossos teatros, vão bem?”
1 - Tive a oportunidade de estar em cartaz na Sala Álvaro Moreyra há um ano com o espetáculo “Canto de Cravo e Rosa”. Na ocasião, fomos obrigados a cancelar uma apresentação devido à chuva que caía dentro do saguão do Centro Municipal de Cultura, ameaçando público e artistas com problemas físicos (o reboco do teto poderia cair) e técnicos (era muito perigoso acender as luzes de cena naquelas condições). Durante o verão de 2008 os teatros municipais ficaram fechados para uma reforma, reabrindo em 29 de abril com a cerimônia do prêmio Açorianos/ Tibicuera de Teatro e Dança. Em Junho voltei a trabalhar lá, na técnica do espetáculo “Babel Genet”, Teatro Renascença. Quando choveu, não cancelamos, mas tomamos um belo banho: artistas, técnicos e público andando de guarda-chuva dentro do mesmo saguão. E a reforma...?
2 – O Teatro de Arena pouco antes de completar quarenta e um anos e ganhou um presente da nossa administração estadual: Retiraram os seguranças de lá. Com a aposentadoria dos antigos funcionários, que trabalhavam através de um convênio com a Brigada Militar, a Sedac foi obrigada – depois de muita, muita pendenga – a contratar uma empresa particular para fazer a segurança. Com um detalhe: a equipe trabalha somente até às 22h, assim ninguém precisa pagar adicional noturno para eles. Os esforços da atual diretora, Viviane Juguero, frente aos seus superiores, obtiveram a seguinte resposta: “Não vamos pagar extra. Fecha às 22h.” Resultado: As peças podem começar no máximo às 20h e quando acaba, todos têm que correr para fazer a desprodução de palco e sair em no máximo meia hora. É inadmissível que um teatro como o Teatro de Arena, com toda a importância que tem, localizado na parte central da cidade, a uma quadra da praça da matriz, duas do Teatro São Pedro, seja obrigado a restringir seu horário de funcionamento por um motivo tão raso, tão fácil de resolver se não fosse a má vontade administrativa e burocrática ao qual está subordinado. Isso gera um problema para as produções artísticas que pretendem ocupar o local, já que o evento não pode nunca ter a duração de mais de 2h – a menos que comece bem antes das 20h, o que também é um problema (mas isso é uma outra questão – qual o melhor horário para apresentar as peças, enfim). De qualquer forma, teatro foi feito para ficar aberto à noite, ou pelo menos o tempo necessário para trabalharmos.
3 – Os novos teatros da cidade vão muito bem, obrigado. Bourbon Country, Teatro do CIEE... É lindo poder ter dois teatros tão grandes, bonitos e novos na nossa cena porto-alegrense. O que é uma pena é saber que estes espaços não foram feitos para artistas gaúchos. Enquanto tem gente sendo despejada do seu espaço sério de trabalho, nossos maiores e mais modernos teatros recebem artistas de passagem, que vêm com vários apoios e incentivos fiscais nacionais e estaduais e ainda cobram o que não temos para assistir seus trabalhos, elitizando ainda mais seu público e fazendo este mesmo público crer que só o que vem de fora é bom, desprezando a criação artística local. O Projeto Multipalco rema para conseguir verba e se terminar, mas temo pelo seu resultado prático. Será que, quando findo, se tornará mais um super-espaço cultural destinado a demonstrar nossa condição de província que idolatra (e cobra caro!) por tudo o que não é daqui?
Ponto 6:
Da série “Quem não gostou, levanta a mão”.
Carta-aberta de Luis Paulo Vasconcelos à governadora Yeda Crusius, em Junho de 2008.
Carta de Maria Helena Bernardes, para a mesma governadora, cinco meses depois.
E diante de tudo isso, Renato Mendonça coloca a questão: “existe um êxodo?”. Olha, não sei se temos o número suficiente de casos para qualificar um êxodo. O que sei, é que conheço muita gente boa que foi embora. Gente que foi para Sampa ou para o exterior em busca de condições decentes de trabalho na sua área, onde as pessoas valorizam de verdade um artista e sua obra. É incrível como nós, artistas gaúchos, somos bem-vindos em várias partes do mundo. Basta dizer que é formado nos palcos do sul para ser automaticamente respeitado. Por que é tão difícil termos este respeito dentro da nossa própria casa?
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
Buenas!
eu me chamo Maico. Maico, só. Sem ene no final. Isso, normal: eme a i cê ô.
mentira.
Tudibompoceis.