quinta-feira, 30 de abril de 2009

Tv Com - O retorno

Há um mês menos um dia postei aqui minha indignação com relação ao corte na transmissão dos Prêmios Açorianos e Tibicuera pela TvCom. Além da postagem, fiz questão de entrar em contato com a emissora e com o Centro Municipal de Cultura para expressar minha insatisfação.


A resposta da emissora veio rápida (06 de abril, três dias depois do email que eu lhes enviei). A do Centro Municipal de Cultura nunca veio. Mas como eu teria que ter publicado a resposta da emissora faz um tempinho, entendo atrasos e ainda espero uma possível manifestação da Prefeitura.


Abaixo, segue o email recebido pela TV, com o devido consentimento de publicação.


“ Maico,


A transmissão do Prêmio Açorianos (produção da Prefeitura Municipal de Porto Alegre) é um acordo que temos com a secretaria municipal de cultura. Em reuniões anteriores estabelecemos junto com a produção e direção do Prêmio um horário para o início e término do evento. O evento deveria ter uma hora e meia de duração para transmissão ao vivo pela TVCOM. Isto foi acordado mas não foi cumprido. Como temos uma grade de programação que para nos é sagrada, principalmente com eventos que não são factuais (no caso Açorianos) e respeito ao telespectador, saímos do ar no horário acordado com a direção do evento.


Como você, também lamentamos a falta de compromisso que a organização do evento teve com a comunidade, nos obrigando a ter só uma saída: a exibição dos premiados no Jornal da meia-noite. Para sua informação, o evento durou 2 horas e 15 minutos, 45 minutos além do previsto.


Obrigado pela audiência,


Alice Urbim


Gerente de produção RBS TV – TV COM ”


terça-feira, 28 de abril de 2009

Dúvida

Por que será que sempre que chega o fim do mundo, a destruição começa sempre pela costa leste dos Estados Unidos...?


quinta-feira, 23 de abril de 2009

Os portugueses descobrem o Brasil

Claro que a gente volta um pouco no tempo para escutar um monte de coisas que faz tempo que não escutamos quando, morando fora, ficamos saudosos de um tempo que não volta mais.


Somado ao fato de o gaúcho adorar as coisas da sua terra (segundo nossa imagem lá fora e meu comportamento aqui dentro). Somado ao fato de eu ter uma amiga que fala um outro português (ela é portuguesa). Claro que eu vi nisso uma ótima oportunidade de lhe apresentar uma banda que eu adoro, cujas letras eu adoro, cujo ritmo eu adoro.


E ela estava ali, escutando aquela banda, entendendo aquela letra e se balançando ao som daquele ritmo.


De repente ela levanta a cabeça, com os olhos deste tamanho:


“Ele disse que o papa é... pop??!!”

domingo, 19 de abril de 2009

Pra que serve o amor?

Boa pergunta. Antes que eu comece a falar demais, vamos ao que interessa, na voz de Edith Piaf e nas belíssimas imagens do filme de Louis Clichy. Qualquer semelhança com fatos reais, é mera, meríssima coincidência...


Pra que serve o amor? / A gente conta todos os dias
Incessantemente histórias / Sobre a que serve amar?

O amor não se explica / É uma coisa assim
Que vem não se sabe de onde / E te pega de uma vez

Eu, eu escutei dizer / Que o amor faz sofrer
Que o amor faz chorar / Pra que se serve amar?

O amor, serve pra que? / Para nos dar alegria
com lágrimas nos olhos / É uma triste maravilha

No entanto, dizem sempre / Que o amor decepciona
Que há um dos dois / Que nunca está contente

Mesmo quando o perdemos / O amor que conhecemos
Nos deixa um gosto de mel / O amor é eterno




Tudo isso é muito lindo / Mas quando acaba
Não lhe resta nada / Além de uma enorme dor

Tudo agora / Que lhe parece "rasgável"
Amanhã, será para você / Uma lembrança de alegria

Em resumo, eu entendi / Que sem amor na vida
Sem essas alegrias, essas dores / Nós vivemos para nada

Mas sim, me escute / Cada vez mais eu acredito
E eu acreditarei pra sempre / Que é pra isso que serve o amor

Mas você, você é o último / Mas você, você é o primeiro
Antes de você não havia nada / Com você eu estou bem

Era você quem eu queria / Era de você que eu precisava
Eu te amarei pra sempre / E a isso que serve o amor.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Infância

“Hoje é aniversário da minha mãe e eu decidi de lhe comprar um presente como todos os anos desde o ano passado, porque antes eu era muito pequeno.

Peguei uns pilas que tinha no meu porquinho e tinha bastante, felizmente, porque por acaso minha mãe me deu dinheiro ontem. Eu sabia o presente que eu daria à ela: flores para colocar no grande vaso azul da sala. Um buquê enorme, gigantesco.

Na escola, eu estava estranhamente impaciente para que a aula terminasse para que eu pudesse ir comprar meu presente. Para não perder meu dinheiro, fiquei com a mão no bolso o tempo todo, até para jogar futebol durante o recreio, mas como eu não jogo no gol, isso não tem importância. O goleiro era o Alceste, um amigo bem gordo que adora comer. ‘Que que tu tá correndo com uma mão só?’, ele me perguntou. Quando eu expliquei que era porque eu ia comprar flores para minha mãe, ele me disse que ele preferiria alguma coisa de comer, um bolo, balas, ou uma salsicha, mas como o presente não era para ele, eu nem prestei atenção e fiz um gol. Ganhamos de 44 a 32. (...)”

Le petit Nicolas. Le chouette bouquet, de Sempé-Goscinny.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

“Eu trafego, você congestiona”

Essa semana entrou a primavera. De uma hora para outra começaram a aparecer flores nas árvores, sol no céu, graus nos termômetros. Até um chinelo nos meus pés apareceu, durante um passeio de uma journée inteira.


O contexto favoreceu a realização de um sonho antigo que tinha desde que descobri que a prefeitura mantinha um serviço de aluguel de bicicletas público: estreei no Velib’.


Quem me conhece sabe o quanto eu primo pela bicicleta. Nunca fui um ciclista de carteirinha, é verdade, mas desde que a passagem do ônibus começou a subir desenfreadamente em Porto Alegre, não tive escolha, senão subir as lombas da cidade na força. Daí ao hábito foi uma pedalada – além de ecológico e saudável, percorrer as ruas de uma cidade sobre duas rodas (sem motor) é algo, digamos, libertador. Aí, imaginem a felicidade de quem passou seis meses de inverno entocado no metrô e retornou de repente para um velho maravilhoso hábito, se perdendo – quase todas as vezes – nessas ruas tão bonitinhas. Fechem os olhos, imaginem uma pessoa numa propaganda de sabão em pó pedalando no meio de um campo florido: era eu.


Mas nem tudo são flores na vida de Joseph Climber. A bicicleta pode também ser um hábito perigoso, infelizmente. Sempre me disseram isso, e sempre achei que teria que existir uma forma de pedalar em paz, sem se preocupar com esses malucos que andam por aí, atrás dos volantes que protegem tão bem seus mau-humores, suas pressas e seus desrespeitos para com quem não tem uma máquina em volta do próprio corpo para se proteger.


Ontem ensinei um amigo alemão sobre como usufruir dos serviços do Velib’. Antes de andar, ele estava com medo, dizendo que em Bremen a coisa não é muito fácil. Mas após alguns curtos relatos, me dei conta que a cidade dele é um paraíso se comparado com Porto Alegre. Me lembrei das 4002 vezes que os taxistas cortaram a minha frente na Riachuelo quando queriam entrar na Caldas Júnior sem dar sinal de luz, da zona que é pedalar na Júlio, ou na Bento, com os ônibus tirando tinta (literalmente) do meu meio de transporte, além de inúmeros outros casos e desaforos que já escutei durante minhas idas e vindas.


Em Paris, as bicicletas andam como os carros. Paramos nas faixas de segurança. Paramos no sinal vermelho, mesmo quando não está passando ninguém. Para ultrapassar um ônibus estacionado, nem precisa fazer sinal para o motorista que vem atrás: ele mesmo desacelera para que possamos andar um pouco mais à esquerda. Claro que nem tudo é perfeito, visto as campanhas que existem sobre segurança no trânsito de bicicletas e conscientização de motoristas. Mas se lá de onde eu venho os motoristas tivessem a metade do respeito que esses aqui tem...! Ou medo, sei lá, já que a incomodação está garantida para o motorista se ele fizer algo contra um ciclista...


--\\--


Hoje me deparei com a história da Márcia, relatada no Boteco Sujo. É incrível como é necessário que vidas se percam para que assuntos importantes voltem a ser moda. Bicicleteira de carteirinha, ela ia pela Paulista quando um ônibus a transformou em estatística. (O resto da história está no link aí em cima, narrado com inteligência e precisão. Clica que vale a pena.)


O que me chama atenção é que ela não fazia corpo mole, não tinha medo do trânsito nem de responder para motorista mal-educado. Seus escritos revelam o quanto ela amava ser ciclista e o quanto ficaria feliz se morresse pedalando. O título desta postagem é uma frase sua.


Deixo aqui o vídeo da homenagem que para ela fizeram. Um minuto de silêncio em frente à bicicleta fantasma, no final de janeiro passado, com direito a um trovão que chegou estrategicamente para encerrá-lo.



Amanhã tenho um curso bem cedo. Farei questão de sair mais cedo ainda, pegar um Velib’ e cruzar a cidade pedalando, respeitando todas as regras, parando em todos os sinais vermelhos, em todas as faixas de pedestre, aproveitando bem todas as vias especialmente dedicadas a nós, ciclistas. Minha forma de homenagear a Márcia e todos os ciclistas que quiseram ser livres e pagaram com a vida. Minha forma de homenagear os ciclistas de São Paulo que não pararão de pedalar mesmo se amanhã ou depois perderem mais um amigo. Minha forma de homenagear os ciclistas de Porto Alegre, dos quais eu fiz e voltarei dentro em breve a fazer parte.



quinta-feira, 2 de abril de 2009

De como a mídia pode acabar com uma noite feliz

Comecei a noite amando a TvCom. Terminei odiando.


É uma maravilha podermos estar conectados, assistindo on line a programação da emissora. Eles começaram a transmissão do Prêmio Açorianos e Tibicuera com uma frase que dizia (mais ou menos) assim: “estamos ao vivo do Teatro Renascença, para a cerimônia de entrega dos prêmios la la la...”. Alguém falou sobre a importância da emissora estar transmitindo, o apoio que ela dá à cultura gaúcha e la la la. Balela. Pura e simples balela comercial.


É uma pena que a única emissora que faça a transmissão só esteja preocupada em lucrar em cima disso. No meio do programa (do meio para o final!!!) cortaram a transmissão do prêmio para o desfile Donna Fashion! Sim, meus amigos, não transmitiram os prêmios de Dramaturgia, Direção e Melhor Espetáculo. Nada contra os desfiles de moda, mas a minha paciência, assim como a ética deles, tem limite.


Eu confiei na palavra da emissora. Cheguei a gritar “Viva TvCOM” quando anunciaram o primeiro prêmio do nosso grupo de trabalho. Mas, para meu espanto e surpresa, algum tempo depois, percebi que tinha sido enganado.


Liguei pra emissora.


Após alguns entreveros telefônicos, o cara me passou com um moço simpático que estava ao vivo com a programação da TvCom. O cara me explicou que o Prêmio tinha excedido o tempo de transmissão, e que em vista disso tinham passado ao programa seguinte.


E por quê?


Bom, em linhas gerais: a TvCom tem contrato tanto com o Açorianos quanto com o Donna Fashion. Na grade de programação da emissora, consta “20h30 – Prêmio Açorianos de Teatro e Dança, 22h – Estilo Moda, 22h28 – Previsão do Tempo e 22h30 – Conversas Cruzadas.”


Primeiro: Nunca vi nenhuma cerimônia de Açorianos que tenha durado só 1h30.


Segundo: A mulher, na cerimônia, disse, ao cortar: “Vamos ao Donna Fashion, e quando anunciarem o prêmio de melhor Espetáculo você o verá em tela dividida.”


Terceiro: Sim, dividiram a tela e mostraram o pessoal do Tablao comemorando o prêmio em Dança. Som? Pra quê, se tinha música de desfile na outra metade da tela?


Quarto: A tela do Açorianos saiu de quadro como entrou: de repente. Com o pessoal do Tablao ali, fazendo festa. Nunca mais voltaram ao prêmio. Enquanto escrevo este texto, ainda não sei como prosseguiu a festa. E olha que voltei a assistir o Donna Fashion, a Previsão do Tempo e o Conversas Cruzadas.


E amanhã (ou daqui a pouco) estará estampado no site da empresa o quanto ela valoriza a cultura local e distribui prêmios por votações populares.


E aqui, tão clown quantos os apresentadores da festa gaúcha, nariz de palhaço vermelho combinando com os olhos sonolentos de quem esperou até às 4h da manhã (fuso horário = 5h a mais) para não ver o final da festa, agradeço a propaganda enganosa, o desserviço prestado à nossa cultura e a falta de consideração para com aqueles que acompanham o trabalho da emissora.


ponto.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...