“Temos o hábito de esperar durante muito tempo os encontros. De Paris a Santiago do Chile, esses companheiros de linha estão espalhados pelo mundo, um pouco isolados, como sentinelas que quae não se falam. Só o acaso das viagens reúne aqui e ali os membros dispersos da grande família profissional. Em volta de uma mesa, uma noite, em Casablanca, em Dacar, em Buenos Aires, retomam-se, depois de anos de silêncio, conversas interrompidas e reatam-se velhas lembranças. Depois, é partir novamente. A terra, assim, é ao mesmo tempo deserta e rica. Rica desses jardins secretos, escondidos, difíceis de atingir, mas aos quais o ofício nos conduz sempre, um dia ou outro. A vida nos separa talvez dos companheiros, e nos impede de pensar muito nisso. Eles estão em algum lugar, não se sabe bem onde, silenciosos e esquecidos, mas tão fiéis! Sim, nós temos o hábito de esperar.”
E se você estivesse sozinho numa biblioteca enorme, fazendo um trabalho chato, mas mesmo assim conseguindo divertir-se, e o tempo estivesse lindo, e o sol atravessasse o teto de vidro, chegando até as janelas, e você estivesse quase acabando o trabalho; e se, de repente, a porta abrisse e você escutasse a risada de uma moça muito jovem e bonita, que entrou na sala com os olhos fechados, e se, logo atrás dessa moça, uma outra, com os olhos abertos, guiasse a primeira em vários recantos escondidos da biblioteca, e você se desse conta de que se trata na verdade de uma aula de interpretação; e se os sentidos da primeira menina se aflorassem cada vez mais, e ela sentisse cada cheiro, cada canto, cada pequeno som, e você parasse então de escrever para não influenciar na percepção da menina, e se você sentisse o calor daquele sol que brilhou naquela tarde que você mesmo fez esse mesmo exercício, provavelmente quando tinha a mesma idade delas – aquele sol de uma aula quente de um janeiro fervente...?
“Va el verano, o el invierno. Llega la primavera, o el otoño. Ya no importa. ‘Ya no’. La frase queda en suspensión: ‘ya no’. Hace frío ahí, hace frío aquí. Falta algo, algo está tirititando. ¡Una tirita, porfa! Gracias…
‘Y si (…) ¿no pasaría nada, no?’ ‘No, claro que no.’ (un tiempo) ‘Pero no era…?’ ‘Ya no’.
(voces escritas y habladas, dans la tête de celui qui pense)
Creo que estoy de acuerdo en muxxos puntos. Estoy aprendiendo a hablar, aunque no quiera pensar demasiado. Porque pensar en este caso puede llevarnos hacia otro camino, que puede herir. No está muy bien provocar las heridas, pero algunas ya existen, entonces acabo pensando. Me permito. Viajo. Escucho y canto. Y si fuera una fecha especial, ¿podría haberte llamado para que sepas en lo que pienso? Y si lo haga pero no me pueda tardar demasiado, ¿tendrás la dimensión de lo que quiero decir además de las palabras? Sabes que son difíciles, las palabras… siempre ellas, ¿no?
Mis estantes llenas de botellas. Aún mojadas, aún saladas. Se ponen a mirarme y a contarme lo cuanto han nadado.
y han nadado tanto.
y entonces casi llego a comprender. Mis manos me hacen acordar de cuando ellas solas ya eran suficientes para eso.
Queria ter uma história para contar. Mas teria que ser uma boa história, porque se fosse uma história mediana, ninguém ia querer ler. Ou talvez leriam e diriam que não está boa porque é uma história. Talvez dissessem que não sou “pós-contemporâneo” o suficiente. Mas algumas histórias são feitas para serem incompreensíveis e então eu não preciso tentar explicar muito. Isso é o bom do “pós-contemporaneísmo”. Então não vou contar nada. Apenas vou juntar algumas palavras soltas e colocar aqui.
Hum... talvez eu possa começar com o que vejo desde a minha janela, nesta tarde ensolarada de final de inverno gaúcho. Em Porto Alegre faz sol e... ah, não... muito local. Seria necessário buscar a universalidade. Mas o universal vem pelo local, não? Hum...
O vizinho de cima estendeu roupas brancas no varal. Tem uma blusa de cabeça para baixo acenando para mim. No momento que escrevo isso tento não deixar ela ver que estou falando dela.
No cenário à minha frente predomina os tons de cinza, do telhado ao lado e da parede ao longe. Mas uma coisa chama a atenção: um ponto vermelho, no alto desse telhado. É um receptor da antena parabólica vizinha.
Bem, não sei porque eu escrevi isso. Mas talvez alguém leia esse texto daqui a alguns anos e repense sua vida inteira baseado nessas palavras. Nunca se sabe.
Escreveu, escreveu, parou, pensou. Tornou a escrever. Aguardava ansioso o momento que inevitavelmente chegaria junto com o amigo que tocaria a porta dentro de quinze minutos. Um calafrio percorre seu corpo. Tira o computador de cima das pernas e o coloca no sofá. Seu colo ainda está quente da máquina que permaneceu ligada durante toda a tarde. Quanto tempo havia perdido navegando em páginas inúteis, pensa. Embaixo da mesa jaz o que restou do copo que havia caído há umas duas horas atrás, vítima de uma perseguição implacável do gato contra um mosquito indefeso. O mosquito já não existia, o gato dormia ao lado do novo lugar do computador. Caminha com dificuldade até o banheiro, onde lava a cara e escova os dentes. Desde a sacada, pode ver os refletores da quadra acendendo-se, luz trêmula, esperando a chegada dos que iam se divertir nos seus jogos vespertinos. Observa o vermelho do sol poente contra o azul do céu que ainda não tinha se entregado à noite, somado com luz a branca, fraca e trêmula da quadra esportiva: “essa luz insuficiente”, balbucia, enquanto outra idéia vem ao pensamento: “é cedo para ligá-la, que desperdício”. No sofá, o gato faz um movimento e apóia a cabeça no computador ainda quente. Caminha de um lado para outro tentando encontrar aquela calça que tinha lavado há duas semanas, mas que não se lembrava de ter tirado do varal. Pega o giz e escreve no quadro, passo a passo, tudo o que deveria ser feito aquela noite. “Impossível, não conseguirei”. Senta na cama, olha o relógio: falta pouco. Seu olhar viaja pelo quarto, passa sobre os objetos, afaga as fotos, desliza em recordações, sai pela janela e se detém em um prédio longínquo. A sombra de um homem com seu guarda-chuva parece encará-lo desde o terraço. Ele também o encara. A sombra não se mexe, ele não se mexe. Encaram-se fixamente durante um tempo que pareceu uma eternidade. Angustia-se. Vai se levantar e gritar na sacada em direção àquela sombra, quando nota o guarda-chuva abaixando e fechando-se. Detém-se. Trocam olhares: um homem contra uma sombra. A sombra vira as costas e vai, sumindo no relevo do terraço de um prédio que ele nem sabia qual era, deixando-o apenas com aquela inscrição ilegível pichada no seu cume: letras pretas, grandes, distorcidas e altas, muito altas. “Tem que gostar muito de aparecer para subir até lá e grafar essas letras ilegíveis para toda a cidade ver”. Levanta, coloca uma calça qualquer como segunda opção, passa a mão no casaco e olha-se no espelho de corpo inteiro. Suspiro. A campainha toca.
Quinta, dia primeiro, meia-noite e um no hemisfério norte. Não ligou para o primo que estava de aniversário ontem. Mas não tinha seu número, e ele não tinha profile em redes sociais. Dentro de dois dias gostaria de estar em casa para a festa aquela: na verdade, gostaria de ter estado na outra, semana passada. Mas não deu. E também não sentiu muita firmeza em relação ao papel que poderia desempenhar se fosse: estava com dificuldade em se sentir importante. Viaja, volta, sol e banho de mar. Corre, se muda, casa de amigos. Sai rápido, nem se despede de todos. A volta era uma surpresa sobre a qual poucos tinham conhecimento. Talvez aí estivesse o primeiro indício da instabilidade onde estava se metendo: poucos sabiam de sua partida, poucos sabiam de sua chegada (isso provavelmente simboliza algo, pensa, um mês depois). Bu! Surpresa! A frase ecoa no espaço e já não se reflete da maneira como costumava ser. Tem um amigo que adora falar por metáforas. Provavelmente, se conversasse com ele neste momento, ouviria algo do tipo: “às vezes, você tem dor de dente e faz de tudo para consertá-lo. Às vezes ele dói um pouco e você acha que é por razões secundárias. E o tempo vai passando, e a dor vai aumentando. Chega um momento em que você precisa arrancá-lo. E você não quer. Você está acostumado a ele, e ele a você. É um processo duro – vocês fazem parte do eu do outro – mas depois que a gengiva começa a cicatrizar, você percebe não mais sentir dor. E se sente bem. E pensa que foi uma excelente decisão ter passado pela operação, por mais traumática que tenha sido.” Tenha essa analogia algum fundamento, ou seja ela una tontería das mais bregas, o certo é que o pós-operatório sempre é complicado, porque arrancar algo que faz parte de você sempre é traumático. E assim a vida vai avançando, o mês vai passando e é difícil saber exatamente onde se está. Vivia virtualmente em três lugares diferentes: o real, o idealizado e o confortável. O confortável, confortável já não é; o real já não existe, porque a realidade já é outra; e o idealizado continua idealizado, só que mais distante. Na rede social aquela, a declaração de gente que acaba de passar por processos parecidos: estão ailleurs (do francês, “outro lugar”, “outro lado”, sei lá qual é a melhor tradução para a palavra solta), um estado que não se traduz com palavras, mas com sensações – todos devem tê-la sentido um dia, pensa. Estar em ailleurs talvez seja confrontar a idealização da realidade que se espera, com a realidade que se apresenta. Afinal, o mundo perfeito (a nossa wonderland, expressão tão usada hoje em dia em alguns círculos sociais) nem sempre é como se imagina. Sem falar que ela sempre cobra o preço. A frase aquela ainda martela na cabeça: “a missão atual é desequilibrar-me, equilibrar-me e voltar ao equilíbrio”; mais do que aproveitar enquanto se está bem, aprende-se a encontrar os meios de lidar com sua má fase: cada um conhece, de si próprio, sua “parte bipolar”, e não existe facilidade em sair do casulo para transcender este estado – até porque voltaremos para o casulo na próxima curva, para logo sair de novo, e assim por diante...
O último tango, aquele, não foi dançado. Talvez seja melhor assim. Ou talvez seja, simplesmente, sem julgamentos de bom ou ruim.
Não é por nada que esta é a única postagem do mês de julho.
Vale pena ver a montagem que fizeram com a cena de "Um dia de fúria". O personagem principal? Ele, claro, o personagem do momento, o que não leva desaforo pra cas... digo, pra África.
"Eu sofro mais que você. Não, eu sou o que sofre mais. Não é não. Sou sim. Olha a minha situação: bla bla bla bla. Grande coisa, olha o que eu estou passando: bla bla bla bla. E tu não me dá atenção. Tu é que não me dá atenção. Tu não responde meus emails. Olha quem fala. Não te conheço mais. Nem eu. Não me conhece mais? Não foi isso que disse, to falando de mim. Quê? Acho que não posso mais reconhecer a mim próprio. Que queres dizer? Sei lá... às vezes fico pensando em nós dois. E...? Por que você me esquece e some? E se eu me interessar por alguém? Isso é a letra de uma música. Ah, é... Eu não sumo, tu é que some. Tu não pode me cobrar por isso, eu faço o que quiser da minha vida. Eu sei que não sou teu dono, mas é que um carinho às vezes cai bem. Agora foi tu que falou através da letra da música. Ah, é... Não pertenço a ti. Nem eu a ti. Quero estar perto. Mas não está. Não te esquece que quando a gente gosta, é claro que a gente cuida. Eu sei."
O homem usa o mundo a seu proveito. O homem produz canetas de vários mil dólares com restos de mamutes congelados. Enquanto uns lutam para fechar negócios, outros lutam para salvar vidas; e crianças tentam entender o mundo e o universo enquanto há gente lutando para tentar sobreviver. Lukas Moodysson escreve e dirige um dos filmes mais impactantes que vi nestes últimos tempos. Por que impactante? Talvez porque nos faz constatar o estado em que as coisas estão nesse mundo, “a que ponto chegamos” como humanidade. Mas talvez porque pessoalmente eu tenha me identificado com muitos dos personagens que ali estavam, como se de uma maneira ou outra esse filme estivesse contando como foram as relações pessoais nos últimos dois anos de minha vida. Claro que poderia fazer uma relação pessoal direta com o personagem de Gael - Leo - por motivos óbvios, mas não é só isso: são outras redes, outras frases, vindas de outros personagens e que podem facilmente ser aplicadas. Aí me pergunto: só pra mim? Claro que não. Acho que aí está o impactante: é um filme que proporciona essa identificação sem cair no lugar-comum, mostra as coisas como elas são, sem dizer se é certo ou errado, sem apontar culpados ou inocentes. A vida em cadeia, uma coisa como conseqüência de outra, a famosa busca da felicidade desde vários pontos de vista. Por que busco isso? Por que busco aquilo? Posso ter tudo e não ser feliz. Posso ter a geladeira cheia, mas não conseguir conquistar a atenção de quem quero bem. Posso viajar a trabalho com tudo pago e me entediar. Posso descobrir um outro eu, que existe, e que estava guardado em algum canto por algum motivo. Posso. É humano.
No fundo, fica essa sensação de que o que vale são as relações, os contatos pessoais, as experiências. A última cena do filme, a última imagem, aquela antes que baixe a tela negra, é dessas que nos fazem deixar cair uma lágrima solitária simplesmente porque quase se chega a compreender a vida. Quase. Logo acordamos, saímos do cinema e nos damos conta de que tudo continua e que não, o equilíbrio ainda não foi restituído: seguimos vivendo em desmedida a nossa tragédia quase clássica de cada dia. E não importa em que ponto do globo estamos: somos humanos e isso basta.
A resposta para a pergunta-título desta postagem é dada por um dos personagens em um dos momentos cruciais do filme: “pelo de sempre, para dizer ‘oi’, ‘como estás?’ ‘tenho saudades’, etc.”
A administração do blog resolve não se manifestar acerca dos resultados (não) obtidos na última quarta-feira, 19 de março de 2010.
Apesar da importante lição aprendida, e de reconhecer que ao final foram eles que não se entregaram para os homi de jeito nenhum, amigo e companheiro, preferimos olhar várias vezes o vídeo mostrado aqui dois posts atrás.
A Seleção Brasileira que participará da Copa do Mundo da África do Sul já está convocada. Bem, já está convocada sob protestos incansáveis de muita gente. Torcedores estão abaladíssimos com a ausência de Adriano na lista. Com a ausência de Ronaldinho Gaúcho. Com a ausência de Ronaldo Fenômeno, de Neymar, de Ganso, de Pato... (meu Deus, o que será da gente sem eles?!).
É preciso dar um pause nessa polêmica toda e analisar a coisa por conta própria, sem dar muita atenção a toda a mídia que se cria em cima de nomes e que sustentam a suposta “burrice” do nosso treinador. Afinal, Dunga não é inocente. Pouca gente entende de futebol como ele, e é chegado o momento de confiar nas decisões de quem foi designado para dirigir a equipe que vai lutar pelo hexa no próximo mês.
Vamos voltar um pouquinho no tempo: 2002. A mídia inteira pede, e os torcedores vão na carona: todos querem Romário. O pedido do momento, o star, o astro, aquele que tinha feito tanto pela camisa canarinho. Luis Felipe Scolari, o “gaúcho burro e intransigente”, segundo expressões do centro do país, diz que não. Resolve juntar sua equipe, “cercar-se de seus homens de confiança” (outra expressão bem corriqueira na época) e partir para a guerra. Vitórias simples e consistentes, um gol ou dois de diferença, em sua maior parte. O “futebol-show” difundido como característica principal da seleção era pouco a pouco substituído pelo futebol direto e objetivo pregado por Felipão. O “retranqueiro” Felipão avança com passos firmes e cara sisuda, jogando sério e passando por seus adversários, um por um, cada qual ao seu tempo, sem fazer previsões homéricas sobre próximos adversários ou possíveis conflitos contra quem quer que seja. Bingo. Tudo deu certo, Brasil campeão.
Em 2006, o técnico Parreira conciliou tudo e todos. Deixou o povo falar, montou uma equipe de stars. Não modificou em quase nada sua base desde que assumiu a seleção em 2003. Uma equipe no mínimo arrasadora. O quarteto mágico formado por Kaká, Ronaldinho, Adriano e Ronaldo prometia uma campanha digna de nota cem com estrelinha. No momento de jogar, que afinal é o que conta, não se viu nada disso. O Brasil se mostrou apático, fraco, sem ganas de jogar. Lembram disso? Lembram das vitórias apáticas sobre Croácia, Austrália, Japão e Gana? Vitórias essas que passam para a história como “o dois a zero na Austrália”, ou “a goleada sobre o Japão de virada”, mas que no fundo, quem viu, quem acompanhou e não analisa só os resultados do placar, sabe que foram jogos de dar sono tamanha a falta de comprometimento da nossa equipe.
Chegamos a 2010. A história se repete. As pessoas querem tal jogador, querem tal outro. Só que Dunga tira da lista algumas figurinhas marcadas. Não levará Ronaldinho (e por que deveria, se o cara não é convocado há tempos, não estava nos planos, e está passando por uma fase de retomada do seu futebol – fase ainda não completa?). Não levará Adriano e Ronaldo (e por que deveria, se eles aparecem muito mais pelas ações extra-campo que pelo seu futebol – e olha que jogam super bem). Não levará Pato, apesar de ele quebrar a casa inteira, se separar da Stephani e inventar entrevista falsa em revista italiana para se separar dela. Na coerente lista publicada no último onze de maio, o “gaúcho burro” mostrou que está indo pra Copa com gente que está a fim de jogar futebol, com gente que evoluiu de verdade no seu futebol nos últimos anos, não com quem conta com o apoio midiático extra-campo.
Dunga: futebol sério.
A Copa do Mundo é um torneio sério, curto e direto. A equipe que defende um país deve ser uma equipe, e não um conjunto de estrelas do futebol que não se entrosam. Estrelas solitárias não ganham Copa, e isso está na história. Ninguém carrega um time sozinho nas costas. As manifestações na internet, a hostilidade dos “brasileiros” contra seu treinador e sua equipe, as opiniões em fóruns de debate no qual dizem que vão “torcer pela Argentina”, ou “torcer para que o Brasil perca logo na primeira fase para deixar de ser burro” só me deixam mais felizes ainda. Porque é o mesmo tipo de manifestação que se ouviu em 2002, o mesmo que se ouviu em 1994 (eu era pequeno mas lembro, hein? Quanta crítica ao Zinho “enceradeira” e ao Taffarel “frangueiro”?), e que não se ouviu em 1998 ou 2006, quando a soberbia de uma equipe de estrelas estragou a festa da maior parte da população.
Por isso, e literalmente, bola pra frente. Eu acredito na experiência desses que estão aí.
Dunga neles!
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Em tempo:
Parafraseando um amigo que me enviou este vídeo essa semana, enquanto no Brasil “se tira sarro da seleção em propaganda de cerveja”, na Argentina eles conseguem empolgar toda uma nação com sua equipe:
Em tempo II:
Um amigo francês, ontem, me chamou de canto, visivelmente preocupado: “Cara... tava pensando... se vocês têm uma equipe que pode se dar o luxo de não chamar o Ronaldinho, a gente tá perdido, meu...” Eu apenas sorri e fiz cara de "pois-é-fazer-o-quê-a-gente-é-foda". Ele não deve ter dormido à noite.
falando com amigas que já são mães há dois meses, há quatro meses, há seis meses, há quase dois anos (final de semana chegando...).
Tantas amigas que mudaram de vida em função de uma outra vidinha que apareceu por aí, e que eu não pude acompanhar de perto nesse últimos tempos. Falo com as mães destes pequenos seres e me lembro da minha, que tantas vezes também mudou de vida em minha função, em nossa função, e que quando tinha a minha idade já tinha dois pedaços de gente pendurado no braço. Tantas mudanças foram acontecendo de lá para cá, que não vale a pena numerá-las. Afinal o tempo passa, os filhos crescem, outros filhos vêm, outros vão, ficam longe um tempo, depois voltam, dizem oi, dizem que estão bem, agradecem por ela nunca ter deixado de ser mãe.
esse texto é um afago, um carinho, uma lembrança, um abraço, uma maneira de dizer que nós, os filhos, sempre damos um jeito de deixar um beijo pra mãe. E a minha sabe do que eu estou falando.
Oi, só quero dizer que conheci um animalzinho que não sabia que existia. Um Wombat é um marsupialzinho muito simpático que vive no norte da Austrália. Marsupial de verdade, daqueles que tem bolsinha na barriga. Acho que se a gente cruzasse uma cotia, um coala, uma capivara e um porquinho da índia, sairia um Wombat perfeito...
ele sabe que é um amor.
O Vombate (ou Wombat em inglês) cava túneis, é herbívoro, tem hábitos noturnos e... está em extinção. Há alguns em Queensland, Austrália, em um parque destinado a preservá-los.
Wombat com sua vovó
Mortal Wombat
e um pequeno vídeozinho simpático:
Quer uma informação mais útil do que eu sou capaz de escrever? Clica aqui.
Ainda estou tentando descobrir o porquê de eu ter deixado passar tanto tempo sem falar aqui de uma das minhas séries preferidas de youtube: o “Avez-vous déjà vu...?” A série de 150 episódios produzida para rodar nas televisões francesa e canadense, é idealizada, escrita e dirigida por Pierre-Alain Bloch, que dentre outros trabalhos, foi também o animador de “Asterix & Obélix”.
A idéia da série é mostrar seres impensados em situações inimagináveis, encerrando sempre com a frase “Maintenant, oui” (“agora, sim.”). Deixo aqui, em uma visão geral, alguns de meus episódios e personagens preferidos. Para ver mais, vai lá no youtube, ou acessa o blog da série, que reúne em um só lugar todos os episódios. É viciante. Boa sorte.
Um ovo serial killer
Uma das melhores sem dúvida alguma. Sempre que falo a alguém sobre a série, começo apresentando este episódio:
Um crime nada perfeito
“- O que está acontecendo aqui? Mamãe?! - Foi ele!! - Não, não fui eu. Eu tenho um álibi, eu tava no cinema.”
Um monstro cheio de braços que faz uma brincadeira com um monstro cheio de olhos.
“- Ah, é tu?”
O infarto de um péssimo ator.
- Se eu conseguisse ao menos alcançar minhas pílulas... Oh, não, elas estão muito longe...”
Um recém-chegado ao país dos Toupoutous.
Os Toupoutous são seres rosas, azuis e felizes que vivem nas nuvens... Que amor...
Casas que brincam de quem cospe mais longe.
“- Há! Na caixa de correspondência! Cinqüenta pontos!!”
Um urso inflável.
Coisa boa brinquedinho novo!!!
Poppi interpretando Hamlet no Royal Shakespeare Theatre.
Poppi é o melhor. Não é apenas um ator, é também cantor, dublador, imitador, locutor de rádio... Um artista completo!
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Gente, fala sério… essa série é perfeita para nos incentivar a manter um nível mínimo de idiotice nas pequenas coisas da vida. Profitez-en!!!
“Quando você for convidado pra subir no adro da fundação Casa de Jorge Amado pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos, dando porrada na nuca de malandros pretos, de ladrões mulatos e outros quase brancos – tratados como pretos – só pra mostrar aos outros quase pretos (e são quase todos pretos) e aos quase brancos pobres como pretos como é que pretos, pobres e mulatos e quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados.”
Com idéias pipocando na cabeça,
Com preguiças pipocando no corpo,
Com trabalhos para acabar hoje mesmo.
No Equador, o diretor do jornal estatal foi demitido por não querer que o veículo se tornasse pasquim de divulgação do governo, enquanto a louc... digo, a governadora do RS quer mais é fechar a televisão e a rádio estatais.
No Brasil, o casal Nardoni foi finalmente condenado (31 e 26 anos). Sendo que eles têm respectivamente essas idades, quando chegarem aos 62 e aos 52 anos, vão ter passado exatamente a metade de suas vidas na prisão. Isso exatamente dois anos após ter matado a menina, o que todos já sabiam desde o início, mas que, como dá ibope...
Organismos pressionam para que as tropas brasileiras saiam do Haiti. Ninguém sabe o que realmente elas fazem lá: uns dizem que é para o bem, outros dizem que é para o mal. E eventos se organizam, e haitianos vêm falar sobre o que está acontecendo lá.
E tem gente que diz que o mundo é um circo.
E tem gente que diz que os políticos “fazem teatro”.
É uma pena que quem fala isso nãos se dá conta de que essas artes estão na lista das poucas coisas verdadeiras nas que ainda se pode confiar. Hoje é dia do teatro. Desejando que o mundo seja mais justo – ao menos nos termos que emprega – felicito a ele, ao teatro.
Essa tem sido uma frase recorrente no meu vocabulário skypeano e, enquanto escrevo aqui, às 00h16 do dia 21 de março, viajo nessas histórias de janeiros e junhos atípicos. Que engraçado, isso. Já é minha segunda primavera de março, meu segundo inverno de início de ano, e logo logo se acaba tudo isso. Ou não. A gente nunca sabe. De verdade que não. Melhorou o tempo aqui, tem sol, dá pra lavar a roupa. Penso no que vou ter que enfrentar nos próximos meses, dizem que o calor aqui é infernal. Eu acredito. Deve ser algo assim tipo Poa no verão que passou – e quem estava ali sabe do que eu estou falando, ao menos os que me contaram do inferno que foi. Bom, o inferno aqui vai começar, viva o verão andaluz. Que medo.
O cachorrinho cursi corre no meio das flores para saudar a chegada da nova estação.
Você passa pela estátua, bem bonitinha. "O semeador de estrelas". "Legal," você pensa, e segue seu caminho, enquanto a mulher da foto te olha com essa cara engraçada.
Anoiteceu.
Você resolve sair pra dar uma volta.
"la la la la la la
la la la la la la"
(é que você passeia cantando)
Você passa de novo pela mesma estátua, e aí...
e você entende a vida inteira e todos os mistérios do universo. .
Em cena, uma figura oriental sobre um púlpito segura uma bandeja em um cenário clean enquanto do alto caem papéis picados ou bolhas de sabão, tudo muito cênico e etéreo...
O título de um filme é uma das primeiras informações que nos chega e é um dos fatores dominantes para que a gente se interesse em vê-lo ou não. É uma pena que muitas vezes os títulos traduzidos são simplesmente horríveis em comparação com o filme. Às vezes não tem nada a ver com a proposta, e às vezes até contradiz o que a própria idéia do filme está dizendo. Exemplos, foi!
The hangover – Esta palavra é alguma coisa como ressaca (tá, meu inglês não é dos melhores). Na França, saiu com o nome de Very bad trip, uma boa adaptação, já que bad trip faz o jogo de palavras entre a alucinação causada por drogas e a viagem que os caras fazem até Las Vegas para uma despedida de solteiro. Agora, por que os franceses traduzem um nome do inglês para o próprio inglês? Não sei. No Brasil foi muito pior: o filme tem o abominável título de Se beber não case. Quer saber? O filme é muito bom. Engraçado, divertido, inteligente. Os infelizes tradutores-de-títulos conseguiram acabar com a vontade de qualquer um em vê-lo.
The boat that rocked – Este filme é duca. No Brasil, O Barco do Rock. Ponto para nós. Em francês, Good Morning England. Viu? Traduzem do inglês para o inglês. O nome não é ruim, simplesmente não é assim que ele se chama.
The hurt locker – O grande vencedor do Oscar. Este, quando saiu, me custou saber que filme era. Demorei umas boas páginas de pesquisa na net para saber os correspondentes em cada língua. Não sei o que seria a tradução exata, mas o título remete à ferida, à dor. Não é En Tierra Hostil, como saiu na Espanha, nem Guerra ao Terror, como saiu no Brasil, e muito menos Démineurs (desativadores de minas), título francês.
Up in the air – Este é uma abominação. Atenção: este filme não é, repito, NÃO é uma busca do amor perdido voando de um lado para outro, como nos diz seu maravilhoso título em português: Amor sem escalas. Vou repetir, hein: O cara do filme NÃO busca um amor. Ao contrário, ele nega tudo o que for relacionado à apego e sentimentalismo. Amor sem escalas é um título horroroso que nega a essência do filme. Não acreditem nele!!! Ahhhhhhh!!! (chutando a parede).
The blind side – Não. Não se chama Um sonho possível. Próximo.
The lovely bones – Não. Não se chama Um olhar do paraíso. Próximo.
A Single Man – (Maico respira fundo): Gente. (pausa). Quem colocou este título... (pesando as palavras) deve ter sido o mesmo... hã... equivocado... que traduziu o “amor sem escalas” aí em cima. Simplesmente porque ESTE FILME NÃO SE CHAMA “O DIREITO DE AMAR”!!!!! O pior é que quem colocou este título não deve nem ter visto o filme, já que se o cara quer ter o direito de alguma coisa é o direito de morrer!
A Serious Man – Em português, Um homem sério. Ponto para nós. Agora, vamos assumir, gente... existe dois filmes que são diferentes: um se chama A serious Man (um homem sério) e outro se chama A Single Man (um homem solteiro). Para quê mudar o nome para uma aberração?! Assume que os nomes são parecidos e deu.
A situação é tão horrível que quando você vê um nome que está bem traduzido, e já é meio brega no original, você não acredita que se chama assim de verdade. Foi o que aconteceu comigo com Crazy Heart, bem traduzido para Coração Louco.
Títulos explicativos agora:
Desde o Closer – Perto demais eu questiono a utilidade dessa ferramenta. Tá, desde um pouco antes, mas agora nem lembro. Esse foi a gota d’água, uma das mais comentadas na época. Ou chamem de Closer, ou chamem de Perto demais, ok?
Up – A animação da Pixar virou Up – Altas Aventuras. Comento?!
Milk – Este virou Milk – A voz da igualdade. Pra quê?
Precious– Este ficou tão brega... Em português, Preciosa – Uma história de esperança.
La môme – O nome do original é explicado em um trecho do filme: “Você me lembra um pássaro. Um pardal. A jovem pardal” (“Vous pensez à un moineau. Un Piaf. La môme Piaf”). Em português, o magnífico título: Piaf - um hino ao amor.
A coisa é triste. Eu já acho que vou começar a fazer minhas próprias versões de alguns títulos para me divertir, já que pode ser qualquer coisa mesmo... Já tenho alguns:
Tem gente que diz que o nome muda para que se venda melhor o filme. A pergunta é: você acha que Bastardos Inglórios é um nome comercial? A resposta: não. Então, se deixaram este nome passar com uma tradução fiel, para que mudar o resto?!